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Quando o “muito” se transforma em “demais”?

  • Fga. Caroline Favaretto Martins
  • 29 de mai. de 2017
  • 3 min de leitura

Semana passada no consultório recebi 3 mães que me disseram:

“Eu não sei mais o que fazer para o meu filho. Ele tem de tudo! Eu dou tudo pra ele, levo ele onde ele quiser, deixo fazer as atividades que ele escolhe. Não sei o que estou fazendo de errado, ele não me ajuda e não entende quando eu peço para se comportar e fazer a tarefa ou ir tomar banho. Vive brigando com o irmão, mostra-se irritado comigo, dorme tão tarde... eu e o pai estamos cansados, arrasados por não saber mais o que fazer”.

O diagnóstico de dois desses pacientes eram de TDAH. Crianças que vão arrastadas à terapia porque dormiram tarde no dia anterior e chegam com sono. Trocas frequentes de colégio, pulam entre natação, jiu-jitsu, inglês... recados frequentes na agenda escolar, cadernos com lições incompletas, desenhos feitos de qualquer jeito...

E as mães carregando a maior culpa do mundo: “O que eu estou fazendo de errado?”

A sogra cobra, diz que no tempo dela não era assim. O marido não entende porque chega em casa e todos os dias está tudo revirado, gritaria, bagunça. E a mãe se culpa novamente por não ser também a esposa que gostaria.

Vejo-as tão sufocadas de atividades e cansadas, que não consegue parar para pensar que o problema pode ser justamente o que tentam fazer de melhor: dar tudo à criança.

As crianças ganham brinquedos sempre que vão ao shopping no final de semana. Sempre que vão à casa dos avós. Por tirarem azul na prova. Por inúmeras razões... Pais se perguntem: Será que isso também não pode ser um problema?

Não só a criança com algum transtorno, mas todas as crianças podem sofrer por não serem capazes de processar esse fluxo de informações a que estão expostas diariamente: inúmeros brinquedos, vídeos da internet, mensagens no celular, papéis, livros, roupas, acessórios, etc. Essa falta de capacidade para lidar com a velocidade com que tudo isso é apresentado a ela pode gerar um estresse que traz consequências negativas. Além disso, o excesso de brinquedos e dispositivos oferecidos a criança faz com que ela brinque superficialmente com cada um perdendo facilmente o interesse em longo prazo por alguma atividade. As crianças tornam-se imediatistas, ou seja, querem ali, naquele momento, por um curto espaço de tempo e pronto, tá feito. Perdem o interesse.

Não são estimuladas a explorar o ambiente que vivem, descobrir o mundo vivenciando experiências e criando, imaginando. Quando estão sobrecarregadas, não têm tempo para explorar, refletir e liberar tensões diárias. Muitas opções acabam corroendo sua liberdade e roubam a chance de se cansar, o que é essencial para criatividade e aprendizado pela descoberta.


Quando o “muito” se transforma em “demais”?


Perguntem-se isso. Perguntem-se o quanto éramos felizes na nossa infância, onde ter uma boneca já era mais do que suficiente. Onde poder criar mundos mágicos no quintal de casa era tão gostoso. Onde colocar o pé no chão e fazer o chá da tarde com folhas de árvores e vestidos com lenços que pegamos escondidos no armário se transformavam em vestidos pomposos de princesa. Onde os meninos criavam motos que voavam para o espaço com o banquinho de casa. Gritavam ‘gooool’ e comemorar com a plateia imaginária fingindo ser um jogador, às vezes até sem bola.


Essa reflexão pode te ajudar a tirar essa culpa dos seus ombros e fazer seus filhos mais felizes, sua família mais feliz!

Venho falar mais disso no próximo post.

Inspirado no artigo publicado na Revista Pazes, segue link: http://migre.me/wGRMD

 
 
 

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